matei a rubrica e fiquei sem título para isto outra vez

guess what: continuo sem saber que título dar a isto.
outro dia a sair do concerto de deolinda no coliseu o diogo perguntou-me o que tinha achado do concerto de capicua no ccb. achei estranho, já se passou algum tempo. depois lembrei-me que dantes escrevia aqui sobre tudo o que ia ver. e logo a seguir apercebi-me de que essa rubrica maravilha já não aparecia por aqui há mais de um ano. vamos lá tentar fazer um revival, que o desemprego está a dar comigo em maluca.

capicua no ccb

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“um dia ainda vou dividir o palco com uma banda”, dizia ela n’a última, nem imaginando que o primeiro palco ia ser logo o do ccb. e a reacção do público nesse momento? :’)) o formato banda funcionou lindamente, fluidez total a dar espaço para tudo respirar. sala cheia, mãos no ar, cabelos despenteados… do bonito mesmo. e depois é o que já se sabe, aquelas palavras e aquela atitude são fonte de inspiração e motivação todos os dias. a minha religião é a auto-superação 💪

tudo isto nem 24h depois de ter aterrado. melhor primeiro concerto de regresso à tuga! : )

gomas alucinogénicas, os polegar, ciclo preparatório no musicbox

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já aqui falei do meu amor à azul tróia. e aos ciclo preparatório. pronto, então, que mais dizer? a voz da moça de gomas alucinogénicas lembra a voz da xana de rádio macau. os polegar são os golpes do ribatejo. o ciclo preparatório regressou triunfante com canções novas, e ainda nos deixaram berrar os hits. ahh, noites no musicbox a cantar pela lamarosa e pela lena d’água, há melhor?

joana barra vaz no lumiar (não sei amigos eu saí em telheiras mas o bilhete dizia lumiar não sou de lisboa deixem-me era aquela coisa do gerador)

era para ter ficado para o jp simões(bloom?) mas não deu. no problem, mergulho em loba a voz e guitarra bastou para deixar o coração bem quentinho. casa é canção ❤️️

deolinda na paiva couceiro

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fui matar saudades do bons sons e acabei com ainda mais saudades do bons sons. ora bolas. o outras histórias foi dos meus discos favoritos do ano que passou, e voltar a ouvir aquelas canções ao vivo foi tão tão bom. especial menção à nunca é tarde por ir buscar coisas aos confins do sei lá o quê e deixar-me sempre em modo buzz lightyear. só a deolinda, mesmo.

cave story no céu de vidro

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finalmente cave story! e logo na minha terra! que, por sinal, coincide com a terra deles! ora que bem. das melhores bandas deste pedaço de terra à beira mar etc e tal você sabem o resto, outro disquinho imprescindível de 2016. o público aqui é pouco e calmo, mas duvido que alguém consiga ficar indiferente ao riff da body of work. creio ser fisiologicamente impossível. agora quero um com público digno, que o primeiro é para os pardais, né verdade? já agora, estes meninos agora organizam concertos bem fixes aqui na terra. nem sempre consigo cá estar (omd 800 gondomar vieram à minha terra e eu não estava #chorando), mas é tão importante fazer acontecer por aqui!

por aleppo no parque mayer

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estava no scroll de instagram habitual até que parei no vídeo do benjamim. nome atrás de nome, fave atrás de fave. ia ter de ser. lá fomos a lisboa gastar dinheiro que não tínhamos, mas não só era por uma muito importante e urgente causa, como todo o cardápio era irresistível. e foi tão bonito? sou capaz de ter chorado um bocadinho. a nova canção do benjamim, a império com o aj e o gospel collective, a smilling faces só a voz(es) e guitarra, a primavera com a imagine, a ana moura com o tó trips… eu sei lá. parecia que cada actuação superava a que vinha antes. e depois o final com os discursos e a we are the ones com todos? todo um mondego. bem haja a quem pôs isto de pé e, acima de tudo, aos médicos sem fronteiras, que tanto fazem. somos todos muito pequeninos.

miguel jorge no terreiro do paço

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só terreiro cheio a cantar sem pedir, era a recantiga era a romaria, ora se o povo de lisboa se faz ouvir o melhor é deixar, que isso é coisa rara. acabou com a cowboys from hell e passou pelo dylan do nobel o nobel do dylan, esse, aquele, pois. já não sei que vos dizer sobre este jovem, é caso sério e vêm aí mais provas disso, quanto apostam? venha de lá esse disquinho novo.

os azeitonas na avenida dos aliados

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antes da contagem decrescente ouviu-se nos aliados o relato do golo do éder, seguido daquela música que passava muito durante o euro (“we’re in this O ÉDEEEER, nanana this tog-ÉDEEEER!!” – essa). foi mais exciting do que entrar em 2017. o último concerto dos az com o aj teve de tudo. aquele sentimentalismozinho, aquela festa característica, e aquele comic relief a transformar qualquer saudade antecipada em gargalhada. nem planeado corria melhor. o fim é um princípio qualquer, já diziam os outros, e nós cá estaremos para os azeitonas três ponto zero, como estivemos sempre: ano novo ou são joão a gente vai na digressão. salvé, ázê!

you can’t win, charlie brown no ccb

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andava a guardar os cêntimos todos, tinha seis eurinhos de lado, a pensar que passava no ccb no dia e aproveitava os 50% de desconto para a galeria em pé. só queria ver o concerto, mas aqueles preços não estavam amigos da minha situação. antena 3 to the rescue! a melhor rádio tem passatempos fixes e eu lá tive a sorte de poder ir ver e ouvir o marrow à plateia. gosto muito dos charlies e adorei o disco, junte-se a isso aquele coro maravilha e umas cordas bonitas e ó, tá feito o concertaço. muito, muito amor pela sad song.

the black mamba no coliseu do porto

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na altura matutei muito sobre este acontecimento. a minha ligação a black mamba faz-se mais por amigos de amigos (ou faves de migas) do que outra coisa. não é banda que ouça normalmente, mas acabo por vê-los umas quantas vezes. e a verdade é que dão sempre bom show. não estou a ver uma banda em portugal que faça aquilo que eles façam com aquela qualidade, e posso não morrer de amores por muitas das canções mas depois há ali umas que batem forte (tipo red dress e ride the sun, tipo o riffalhão da under my skin e tipo a belezura da nova still i am alive – se se chamar assim). durante o concerto, enquanto sentia o entusiasmo por tabela – a teresi viu as suas crianças esgotarem um coliseu e eu estava encarregue de fornecer lenços, status reports no estado da make up e lembretes ocasionais para a realização da actividade geralmente conhecida como “respirar” -, pensava muito no quão marcante aquilo estava a ser, ainda que para mim, emocionalmente, não tivesse grande peso. temos de ter a capacidade de reconhecer o trabalho e dar o devido valor a quem faz bem, mesmo que não amemos o seu trabalho por aí além. ou até mesmo que não gostemos simplesmente, como me ensinou o menino richie campbell nessa noite. é que, sabem, o migo fez dueto na red dress e eu achei logo que ele ia estragar tudo. mas não, foi um momento mesmo bonito, e mesmo quando depois tocou a música dele e fez de mim a única pessoa a desconhecer a letra no coliseu inteiro, surpreendeu-me pela positiva. é assim, it is what it iiiiiiis.

ah, e já agora, ouvi o rui veloso cantar a porto sentido num coliseu do porto cheio. arrepiei mil. fui ao plano b mas não me lembro muito bem do plano b (tem uma estátua?).

frank carter & the rattlesnakes, biffy clyro no coliseu

imaginem 10 mil alemães. 10 mil alemães num pavilhão esgotadíssimo, todos para ver biffy clyro. num país com mercado musical que existe, onde biffy foram #1, onde fazem promo em rádios e tvs, onde há cartazes gigantes da digster com as fronhas deles a anunciar simplesmente uma playlist (às vezes tenho sdds de hamburgo), onde são cabeças de cartaz nos grandes festivais e onde tocam, só nesta tour, por 13 vezes, sempre em salas onde cabem 10 mil ou mais almas. imaginem essas 10 mil vozes a cantar a many of horror. estão a imaginar? ok, fixe, agora multipliquem isso por dez, e obtêm uma aproximação fiel ao que foi ouvir a many of horror por nem quatro mil tugas. não somos os melhores do mundo, mas caramba, temos qualquer coisa. sei lá, eu no sporthalle tive gente a olhar para mim de lado por cantar o riff da bubbles ou a melodia da stingin’ belle. qual quê, em lisboa acho que só olhariam de lado para mim se *não* cantasse cada nota. que concerto, amigos, que banda, que público, que sorte, isto tudo. no final o tuga virou sul-americano e eu por momentos senti-me uma costa riquenha no meio do flight 666 só que em vez de maiden era biffy e pode ter sido um bocado chato para nós e para eles, mas deu para dar aquela palavrinha, tirar aquela selfie e apreciar as variadas caretas que nos fizeram da carrinha. sois big in portugal, amigos, agora por favor não se esqueçam disso e voltem rapidinho, sim? brigadas.

nota para frank carter e os seus rattlesnakes que deram um belo de um show também! mais bandas de abertura deste calibre se faz favor.

deolinda no coliseu

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tiremos todos um momento solene para agradecer ao filho gil esta magnífica oportunidade. não sei se mais alguém sem ser press ou crew do coliseu fez a dobradinha biffy clyro/deolinda, mas é assim, adoro as duas bandas, que querem. 10 aninhos de fon fon fon, a não sei falar de amor logo para começar (tipo declaração de intenções para a tecas: prepara, que isto vai ser #emosh), e muitas coisas de fazer sorrir de orelha a orelha, tipo a pois foi ou aquela canção sobre eu e o meu gato (também conhecida como manta para dois). uma bela festa de anos, indeed!

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teremos sempre Cem Soldos

Voltar ao Bons Sons foi como voltar a casa. Só que só lá tinha estado há dois anos, por quatro dias. Mas foi mesmo isso que senti quando voltei a entrar na aldeia. Lembrava-me tão bem de onde e como tudo era, da paz e respeito que por ali se sente, do calor abrasador e dos borrifadores a combatê-lo, da música em todo o lado. Apesar das mudanças dos últimos anos (Giacometti em coreto, a separação do Lopes-Graça e do Aguardela, aquela pseudo relva maravilhosa no largo, etc), o Bons Sons não perdeu a identidade e mesmo assim não deixou de inovar e crescer. É mesmo um sítio muito especial ao qual queremos sempre voltar. O ano passado sofri por não ter conseguido ir, este ano não podia mesmo faltar. E desta vez, mesmo não acampando, acabei por viver a aldeia muito mais (e melhor!).

sexta-feira, 12 de agosto

Esperava mais de Pega Monstro mas admito que aqueles talvez não fossem nem o lugar nem a hora ideal para elas. Ainda assim, muito amor para as irmãs Reis. O documentário do Auto-Rádio está à altura do discaço do Benjamim com que partilha nome. A ligação às frequências da rádio, as entrevistas e presença constante das vozes a que estamos habituados a ouvir na telefonia, interligadas com os momentos de cada um dos 33 concertos em 33 dias (!!!) e a dissecação do álbum em si está muito bem conseguida. E há SILOS! Munto orgulho em ter tido a digressão na minha terra e poder ter lá estado.

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Birds Are Indie com mais um concerto de rebentar a escala de fofura. Que disco bonito e que banda tão fixe. Ambiente perfeito para o pôr-do-sol no Giacometti. Claro que andámos a cantarolar a Partners In Crime o resto dos dias. Best Youth ❤ finalmente como deve ser! Adorei, porque gosto muito deles e do Highway Moon e porque ainda não os tinha conseguido ver sem ser um niquinho no sbsr há já um ano. Foi o primeiro concerto na Eira, acabou por ser um óptimo presságio para o último. Kumpania Algazarra deve ser giro se estiveres nesse mood mas eu não estava, e lá está, prefiro o Kusturica. Sensible Soccers pareceu ter sido bonito mas muito lá ao fundo e entre conversas. É que este Bons Sons teve uma bela dose de malta fixe.

sábado, 13 de agosto

Quando se enche uma pequena igreja para ouvir, cantar e aprender com as Adufeiras do Paúl, o resultado só pode ser maravilhoso. Dos melhores concertos que presenciei nesta edição e dono do melhor momento: Milho Verde (em homenagem ao “pai disto tudo”)/Armas do Meu Adufe cantado por uma igreja a abarrotar de gente e a ovação que se seguiu. De arrepiar. Deu-me a quebra do calor e do sono em Grutera, passei pelas brasas no largo ao som de Few Fingers. Lavoisier acordou-me e bem. Que belíssima surpresa, que voz, que interpretação. Quanta coisa cabe numa guitarra e numa voz daquelas: Pessoa, canção popular, Acordai e belas canções originais. Ali no coreto, com a malta sentada ao final do dia, a velhota à janela no rés-do-chão com a neta bebé ao colo, por cima dela os pés de quem se sentava ao parapeito no primeiro andar. Os alemães ao meu lado maravilhados, e a citação do Lopes-Graça: “a música popular portuguesa é bela, difícil é reconhecê-lo”. O Bons Sons é muito isto.

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LODO é fixe sem voz, embora ainda muito colado às óbvias influências. Foi muito giro ver a banda da terra (de quem já foi voluntário no festival e quem cresceu a viver a aldeia) a tocar para tanta gente, tho. Palmas a eles por isso, e boa sorte para a final do concurso de bandas lá no Porto. Preciso que o disco da Cristina Branco chegue rapidamente, foi a conclusão a que cheguei depois do concerto. Há muita coisa bonita ali. Da Chick foi funk, foi dance, foi hip hop e Mike El Nite. E foi bocejo e friozinho e “hmm acho que vou para o largo”. Não foi o dia de Da Chick para mim, mas ele há-de chegar, até porque tenho mad respect por ela. Ainda não tinha ouvido o Outras Histórias e agora que escrevo isto já ando viciada no disquinho. Foi o efeito que o concertaço de Deolinda teve em mim. Ainda não me tinham convencido ao ar livre e desta vez parece que compensaram por todas as outras. Amei. Que lindos sois.

domingo, 14 de agosto

O André Barros escreve e toca coisas muito fofas. A Isaura deu grande show. Daquela Tradiio Sessions no Musicbox para aqui houve uma evolução notável. Gostei imenso do EP (e da Change It e da Eight) e fiquei muito muito feliz por vê-la ali tão bem. E por ter havido Lost, coisa que nunca pensei que fosse acontecer ali. Sou #TeamIsaura e tenho grandes expectativas para o que aí vem.

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O disco dos Keep Razors Sharp tem rodado tanto nestes dois anos, que eu esperava grandes coisas daquele início de noite na Eira. Não desapontaram. Bandaço. Roque Enrole do bom, preciso de mais, se faz favor. White Haus foi ziro, o João Vieira é o maior, mas dá-me mais saudades de X-Wife do que outra coisa. Fandango foi show. Não sabia bem o que esperar e gostei mesmo. Mas tenho algum receio de que em disco não bata tanto como bateu ao vivo. Veremos, mas confirmou a minha crença de que se tem o Varatojo é bom.

segunda-feira, 15 de agosto

Quantas referências já fiz aqui a feromona e Chibazqui? Pois. Diego Armés na igreja foi deveras bonito. E sim, houve feromona <3. De Flak só comecei mesmo a gostar quando entrou Rádio Macau na cena. Solos de guitarra e saltos do amplificador em pleno altar? O Bons Sons é muito isto, também. Finalmente Golden Slumbers, ali no coreto, a mostrarem que são mais do que vozes fofinhas e guitarraa acústicas. Belíssimo concerto que fez esquecer o calor horrível, avé! Sopa de Pedra, no Lopes-Graça, à hora de jantar. Tudo caladinho a escutar e a deliciar-se com as vozes, as harmonias, as melodias e caraças, que coisa bonita é esta que está a acontecer aqui. Que maravilha.

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Deu para dançar em Les Crazy Coconuts, que me pareceram funcionar muito melhor ao vivo do que em disco. Jantei nas mesas do largo, rodeada de cem soldenses, a ouvir um belo concerto de Jorge Palma. Só hits e tudo a soar mesmo ali no ponto. Até tive pena de não estar lá mais no meio, mas era precisar recarregar baterias que estava quase na hora de D’ALVA. Que festão. Que evolução incrível, de quem eu espero sempre muito e mesmo assim me consegue surpreender sempre. Estes migz vão longe, já fizeram e continuam a fazer história, nem que seja pela lufada de ar fresco que trouxeram à cena tuga. E nem falo (só) da música, mas de uma atitude, de uma liberdade e abertura de espírito que não te deixa indiferente. Esta malta dá-te a inspiração e motivação para acreditares que é possível. Seja o que for, venhas de onde vieres, é possível, és capaz. Damn, olha eles ali! Eu valorizo isso pra caramba, mesmo. Nutro muito muito carinho e admiração por D’ALVA, mêmo a sério ❤ Mereceis tudo isto e muito mais. TochaPestana foi festança da boa e Dj Rubi idem, se bem me lembro. Final perfeito para o melhor festival.

Já tenho saudades, falta muito para voltar a Cem Soldos? Só espero que não. É que durante o ano infelizmente sinto muita falta deste amor, deste interesse e deste apoio e projecção da música portuguesa, em quase todos os seus tamanhos e feitios. Enquanto tudo o resto continua a escassear, nós, que ouvimos atentamente a música deste país, teremos sempre Cem Soldos. Dizia o Varatojo que a música portuguesa se sente em casa nesta aldeia e eu concordo e acrescento: eu também.

Bem-haja a quem faz tudo isto possível. E até para o ano, espero eu!

 

queimo as mãos pelo futuro

Em Maio de 2013 fui ao então TMN Ao Vivo ver o Samuel Úria apresentar o “Grande Medo do Pequeno Mundo”. Vinha há um mês a desenrolar um novelo de músicos portugueses depois da tardia descoberta do primeiro disco a solo do Miguel Araújo. Nessa noite ou no dia seguinte, o Nuno Markl, que esteve presente nesse mesmo concerto, pôs qualquer coisa no facebook em que comparava o estado actual (de 2013, mind you) da música portuguesa com o boom do rock português. Dizia que nos anos 80 era demasiado novo para viver tudo aquilo, e que invejava quem agora tinha 20 anos e podia viver este novo “boom” bem de perto.

Acontece que tinha 19 anos e fiquei a matutar naquilo. Eu quando lia sobre o boom do rock português também ficava a sonhar com os concertos no Rock Rendez Vous e no quão incrível deve ter sido ver todas aquelas bandas, ir para o Frágil depois e dar de caras com o António Variações e tal (vá, a última parte já é culpa dos Filhos do Rock). Mas a questão é: eu tenho isso. Pronto, não tenho um RRV, mas tenho o Musicbox, o Sabotage, o Bons Sons e a D’Bandada. E sim, não tenho as multinacionais e uma indústria discográfica a lançar uma máquina de negócio que havia de chegar a níveis absurdos dali a uns anos, mas tenho a FlorCaveira e a Amor Fúria, a Pataca, a Cafetra, a Lovers & Lollypops. Entendem o que quero dizer? Tenho 22 anos e tenho a sorte de acompanhar de perto o melhor momento da música em Portugal. Não só a portuguesa, mas especialmente a portuguesa.

Porquê especialmente, perguntam vocês. Dizem que não é suposto acharmos que a música merece destaque só por ser portuguesa. Concordo. Mas não é só por ser portuguesa. É por ser portuguesa e ser boa. Fomos formatados durante muito tempo para acharmos que o que vem lá de fora é mil vezes melhor do que seja o que for que fazemos cá dentro. Então quando as coisas aparecem e são muito boas, o normal é ir logo comparar com qualquer coisa estrangeira e chegar à conclusão de que o camone é melhor. E no caso que me preocupa – o dos media – é especialmente difícil: porque o lá de fora tem mais promoção, passa na rádio, vai aos grandes festivais, tem x revistas estrangeiras a falar muito bem deles, logo, é sempre preferido. O tuga não tem nada disso. O tuga novinho e a aparecer não tem mesmo nada disso. Tem uns quantos blogs, um ou outro site de música, umas páginas de fb, e pouco mais. É difícil passar do passa palavra do grupinho que vai acompanhando os acontecimentos de perto.

Eu até podia vir aqui explicar-vos o que crescer a achar que só as coisas lá de fora é que são bem feitas fez à forma como me via a mim mesma e ao meu potencial como portuguesa. Ou como descobrir que há gente brilhante a fazer música incrível que vem do mesmo sítio que eu mudou drasticamente tudo isso. Mas isso não interessa porque, pelos vistos, o impacto que a música pode ter na mentalidade da juventude de um país é insignificante. O que importa é continuar a dar atenção ao que a industria impõe e ignorar qualquer manifestação alternativa, não é? Pois.

Podem rir-se desta minha irritação mas eu acredito mesmo que isto tudo merece atenção. E não digo que isso sejam menções pequenas uma vez de 2 em 2 anos. Digo acompanhamento, interesse, discussão. Acredito mesmo que é possível fazer a diferença e melhorar a situação. Não podemos estar dependentes de duas rádios (salvé Antena 3 e Vodafone FM, o que seria de nós sem vocês), tem de haver algo mais marcante que uns quantos sites e blogs (todo o respeito para os muitos que têm vindo a aparecer e a fazer mais e melhor do que muita imprensa “a sério”). É preciso qualquer coisa que tenha impacto, que não se afogue no oceano do online. Quiçá uma revista de música, conhecem alguma?

Isto é uma amostra de músicas/discos que já saíram este ano ou que estão quase aí. E sim, estamos em Março.

PAUS (disco “Mitra”, 12 de Fevereiro)

Salto (disco “Passeio das Virtudes”, 30 de Janeiro)

Linda Martini (disco “Sirumba”, 2 de Abril)

Jibóia (disco “Masala”, 8 de Fevereiro)

Minta & The Brook Trout (disco “Slow”, 26 de Fevereiro)

Golden Slumbers (disco “The New Messiah”, 15 de Fevereiro)

Sequin (EP “Eden”, 15 de Fevereiro)

Paraguaii (disco a 25 de Março)

Lotus Fever (disco em breve)

Filipe Sambado (disco “Vida Salgada”, 25 de Março)

C de Croché (disco “Thug Life”, 25 de Janeiro)

Peixe:avião (disco “Peso Morto”, 19 de Fevereiro)

Cais Sodré Funk Connection (disco “Soul, Sweat & Cut the Crap”, 26 de Fevereiro)

Marta Ren & The Groovelvets (disco “Stop Look Listen), 19 de Fevereiro)

Retimbrar (disco “Voa Pé”, 1 de Abril)

Deolinda (disco “Outras Histórias”, 19 Fevereiro)

Tiago Guillul (disco “Bairro Janeiro”, em breve)

Sensible Soccers (disco “Villa Soledad”, 1 de Março)

Isaura – novo single em Abril

Samuel Úria – novo disco (?) “quase a não tardar”

Sallim (disco “Isula”, 19 de Março)

Brass Wires Orchestra (disco “Icarus”, em breve)

Capitão Fausto (disco “Capitão Fausto têm os Dias Contados”, em breve)

Old Jerusalem (disco “A rose is a rose is a rose”, 11 de Março)

Filho da Mãe (disco “Mergulho”, 7 de Março)

 

Youthless (disco “This Glorious No Age”, 7 de Março)

Surma

Há uns tempos saiu uma bela compilação da Azul de Tróia, cujo título – que vem de uma canção d’Os (grandes) Capitães da Areia – e texto de apresentação resumem bem o que tenho tentado dizer.

Tenhamos a audácia de reconhecer que vivemos num país encantador. Portugal está a aprender e depende de quem cá está. Não podemos desistir de ser, por tudo aquilo a que a vida nos obriga. Valorizemo-nos. Há muito caminho a percorrer e percorrê-lo-emos a passo firme e lento, enquanto hasteamos a nossa cultura, procurando mais e participando activamente na educação musical e literária daqueles que nos rodeiam. A memória não pode mais ser curta e o que se faz por cá tem de ser firmado na terra. Não há vergonha em sonhar. Não tememos o ridículo nem a ambição. Existimos com brio, honestidade e distinção, entre o perigo da vertigem e os passos firmes da virtude. Essa mesma grande virtude que está no saber pular a cerca. Procuremos contornar os pesadelos, a fim de tocar no horizonte lá no fundo porque, se são muitos os dilemas sobre os quais nos deparamos, também há rios lindos para atravessar.

 

É bem possível que me tenham escapado coisas, principalmente de universos mais longínquos para mim (oi, hip hop), mas acho que percebem o que quero dizer. A música portuguesa merece mais vindo de nós, e já está na hora de deixarmos a condescendência de lado. Eu, como podem ver, ponho as mãos no fogo.

continuo sem saber que título dar a isto (junho)

03 de junho de 2015
Chibazqui, DAMAS, Lisboa

O concerto foi bom, tal como o disco o é (podem ouvi-lo, sacá-lo e etc aqui). O mais fixe, however, foi o sítio. Primeiro, porque me obrigou a voltar à Graça, e depois porque a sala de concertos é daquelas como já não há muitas, assim de palco baixo e com pouco espaço e tal. Pena eu ser piquena e não conseguir ver nada.

10 de junho de 2015
Seiva, FNAC Chiado, Lisboa

Finalmente! São tão magníficos ao vivo como em disco, e vale imensa pena ir vê-los.

10 de junho de 2015
Tiago Saga, Janeiro, Vaarwell, Musicbox, Lisboa

Janeiro.

Tiago Saga convenceu-me, adorei a voz dele. Não sei bem porquê, mas nunca liguei muito a Time For T. Passarei a ligar mais, pois. Janeiro também surpreendeu, porque só conhecia a canção dele que está no tradiio (“As Duas Que És“) e gostava bastante, mas no concerto deu para perceber que ele tem um lado mais blues que muito me agradou. Às vezes o chato destas sessões é que são os primeiros concertos das bandas, e foi isso que aconteceu com os Vaarwell. Mais uma vez, adoro a “Branches“, e aposto que até vou adorar as restantes, ao vivo é que a coisa não me encheu as medidas.

12 de junho de 2015
Os Azeitonas, Feira Nacional de Agricultura, Santarém

Scalabitou-se! A FNA é grande e tem animaizinhos e cenas fofinhas, mas eu só vi cavalos, as usual. Mas por causa dessa falta de originalidade do Ribatejo, tivemos direito a Canção Caubói!!! Por isso, pessoas que me chateiam porque eu vou a muitos concertos da mesma banda: shiu, houve Canção Caubói. Sim. Magnífico. Também houve aquela nova versão awesome da Zão e a sempre incrível Angelus. E que bom que foi voltar a ver Az com a Susana! 🙂 No final houve pander com a boa gente de sempre.

19 de junho de 2015
D’Alva, CCB, Lisboa

Um ano de #batequebate, e que ano! Sou fã destes moços que estejam onde estiverem dão tudo pela festa e põem o pessoal todo a dançar. É tudo muito livre, leve e solto mas aquela “Primavera” será para sempre das mais bonitas e mais marcantes coisas que já ouvi. Acho que qualquer pessoa que esteja (infelizmente) habituada a lidar com aquilo de que ali se fala não consegue ficar indiferente. Eu sou uma lamechas incurável por isso a lagrimita foi inevitável (eles também não ajudam), de resto foi festa do início ao fim, com direito a piñata party e tudo. E ainda houve aquela versão incrível da “Sempre Que o Amor Me Quiser” com a ‘princesa da pop’, Isaura! Venha daí esse concerto no SBSR!

20 de junho de 2015
Samuel Úria, Festival Novos Talentos FNAC, Lisboa

Já andava com #sdds de um concerto deste senhor. Deu para matá-las, e ainda para ouvir uma canção nova! Anseio pelo novo disco e novos concertos, foi fixe voltar a ouvir a “Tigre Dentes de Sabre” e a “Pequeno Mundo” (obrigada, Deolinda!), mas… e a “Império”? :'((
Antes ainda deu para apanhar as últimas de Chibazqui e depois seguiu-se para o Miradouro para ouvir, lá ao fuuuuuundo, um bom bocado de Deolinda.

23 de junho de 2015
Café-Concerto-Comunitário Tudo é Vaidade + Benjamim, Selma Uamusse, Samuel Úria, Taberna das Almas, Lisboa

Concertos com sofás em vez de cadeiras ❤
Muito lindo e fofo, como tinha sido no São Jorge no ano passado. O ambiente é incrível e aquela “Só Me Resta Chorar” não engana. Arrepios everywhere. Saímos de lá a cantarolar que “há uma festa que nunca termina, onde todos cantam, ninguém desafina!”

26 de junho de 2015
Diabo na Cruz, Arraial de Benfica, Lisboa

Meh… fraco.
Siga a Rusga, Bomba Canção e Fronteira? fraco.
A 10min de minha casa, com a Mariana a vir de propósito (para me ver, atenção :v), a Filipa e a estreante Laura que adorou tudo? fraco.
Com aquilo cheio de gente que cantava tudo e fez a festa desde o início? fraco.
Esqueçam, não há concertos fracos desta gente, muito menos em lisboa. É lei.
Quando é que é o próximo, mesmo? Já tenho saudades.

Disse que não voltava a fazer isto, mas desta vez há algumas certezas: You Can’t Win, Charlie Brown, Festival Silêncio, Voz & Guitarra e Super Bock Super Rock (sim, chegou o mês em que vou ver um dos meus all time heroes!!!). Siga, Julho!

não sei que título dar a isto (dezembro)

04 de dezembro de 2014
António Zambujo, David Fonseca, Toca a Todos, Terreiro do Paço

trabalho -> consulta -> terreiro do paço. fui sozinha e cheguei demasiado cedo, estava frio mas um sol muito bonito. fiquei por lá a ver a emissão e a rezar para o que tempo passasse rápido. pouco antes do zambujo chegou companhia, que tornou o resto do final de tarde bastante mais agradável. a senhora ao meu lado estava muito desiludida porque “pensava que ele era bonito”. o david tocou já era noite, foi fofinho.

05 de dezembro de 2014
Diabo na Cruz, Toca a Todos, Terreiro do Paço

fui sozinha outra vez e outra vez acabou por chegar companhia para ajudar à festa, mesmo que só depois do showcase em si. foi muito bonito porque: a) é diabo na cruz; b) tocaram a luzia.

05 de dezembro de 2014
Linda Martini, Transforma, Torres Vedras

já tinha saudades. de um palco quase ao nível do público, do tecto baixo, das pessoas todas apertadinhas, dos gorros, cachecóis e casacos no chão a um canto porque lá dentro não eram precisos. linda martini é sempre o amor, aqui o público só fez a coisa ainda melhor. houve cover de for the glory e tudo.

08 de dezembro de 2014
Deolinda, Arena Live Casino Lisboa

estava tão tão tão farta dos concertos no casino, mas lá me convenceram a ir a este. continuo a não gostar de ver deolinda de pé, mas continuo a gostar bastante de deolinda. o mais fixe foi a entrevista no final, da ana bacalhau se lembrar da flash mob das caldas e de me dizer que o primeiro auditório que esgotaram foi precisamente o ccc (#prestígio) e do “gosto da tua t-shirt” do pedro da silva martins, que pôs a ana a cantar a vayorken para a fotografia.

13 de dezembro de 2014
The Legendary Tigerman, FNAC Chiado

gritem todos comigo: finalmentee!! infelizmente foi só um showcase mas tendo em conta que o ando para ver há anos, chegou. foi maravilhoso, agora preciso de um a sério.

19 de dezembro de 2014
Noiserv, S. Luiz

noiserv naquela sala naquele ambientezinho fofinho e acolhedor? sim, sim, sim! foi óptimo. poder acompanhar o processo ali bem perto só me fez gostar ainda mais das canções. por mim, era um destes todas as semanas.